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A expectativa de vida do brasileiro cresceu 40% nos últimos 60 anos.

        Bebê chorando. — CRÉDITO,GETTY IMAGES.
 
A expectativa de vida do brasileiro cresceu 40% nos últimos 60 anos
Publicado no JASB em 22.abril.2023. Atualizado em 31.junho.2023.           

Grupos no WhatsApp A expectativa de vida ao nascer estima quanto um bebê deve viver se as condições de um determinado lugar continuarem as mesmas.
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A expectativa de vida do brasileiro cresceu 40% nos últimos 60 anos. Mesmo assim, o país tem o segundo pior índice entre as dez maiores economias do mundo.

Em seis décadas, os brasileiros foram superados pelos chineses no tempo esperado de vida e seguem à frente apenas dos indianos — enquanto isso, a diferença em relação aos japoneses, líderes do ranking, supera os dez anos.

Em comparação com os vizinhos da América do Sul, o Brasil historicamente só tinha índices melhores que Bolívia e Peru.

Mas os números melhoraram a partir dos anos 1990 e se aproximam cada vez mais do que é observado em outras nações mais longevas da região, como Argentina, Chile e Uruguai.

Em suma, a expectativa de vida é indicador que avalia quantos anos um indivíduo que acaba de nascer deve viver se as condições econômicas, sociais, políticas e de saúde público permanecerem as mesmas dali em diante.

Ou seja: espera-se que um brasileiro que veio ao mundo no dia de hoje, diante de todos os fatores atuais, viva 74 anos, em média.
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Esse limite pode subir ou cair, a depender de como a realidade e as políticas públicas mudem — para melhor ou para pior.

A seguir, você confere quatro gráficos compilados pela BBC News Brasil a partir de dados do Banco Mundial e da Organização das Nações Unidas (ONU). Eles revelam algumas das principais contradições da expectativa de vida no país em comparação com a de outros locais com similaridades econômicas e geográficas.

Top 10 economias
Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Índia, Reino Unido, França, Itália, Brasil e Canadá formam hoje o grupo das dez maiores economias do mundo.

Quando o assunto é expectativa de vida, há assimetrias gritantes entre essas nações.

Segundo as estatísticas da ONU e do Banco Mundial, espera-se que um japonês viva em média 84,6 anos e um italiano chegue aos 82,3. Já um brasileiro alcança ao redor de 74 e um indiano os 70,1.

Falamos, portanto, de diferenças que superam uma década de vida de acordo com a nação onde um indivíduo nasce.
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A figura se inverte quando analisamos a mudança relativa na expectativa de vida — ou quanto esses números subiram entre 1960 e 2020.

Nas nações historicamente mais ricas (Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Alemanha, França e Itália), esse crescimento fica abaixo dos 20%. A única exceção é o Japão, que ampliou o índice em 25% nas últimas seis décadas.

Já nos três países emergentes, essa aceleração é bem mais rápida: no Brasil, a expectativa de vida cresceu 40% nesse meio tempo. A porcentagem é ainda maior na Índia (55%) e na China (134%).

Para ter ideia, um chinês vivia 33,2 anos em 1960. Em 2020, essa média estava em 78 anos.


Expectativa de vida nas 10 maiores economias do mundo
A demógrafa brasileira Márcia Castro, professora da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, explica que essas subidas aceleradas de Brasil, Índia e China podem ser explicadas pelo impacto que algumas medidas têm em regiões menos desenvolvidas.
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"Falamos de países em que a carga das doenças infecciosas e da mortalidade infantil era muito alta, o que impactava na expectativa de vida", contextualiza.

"Portanto, quando você cria políticas de redução da mortalidade infantil, de vacinação, de saneamento e de atenção básica em saúde, o efeito é amplo e as pessoas acabam vivendo mais anos", ensina.

E isso, por sua vez, faz a média da expectativa de vida da nação subir.

Nos países mais ricos — Reino Unido, França, Itália, Japão… — problemas como as doenças infecciosas e a alta frequências de óbitos precoces de crianças já foram superados há tempos, bem antes dos anos 1960.

O principal desafio deles, então, é lidar com os ajustes finos das doenças crônicas não transmissíveis, que são típicas do envelhecimento e do estilo de vida moderno, como a obesidade, o câncer, a hipertensão e o diabetes.

E, mesmo se eles tiverem programas de diagnóstico e tratamento muito eficazes para essas enfermidades, o efeito dessa melhora no tempo de vida dos cidadãos será naturalmente mais tímido.
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"Afinal, há um limite de quanto tempo o ser humano consegue viver. Com isso, os países que já têm expectativas de vida maiores tendem a crescer menos na média em anos recentes", complementa a médica e epidemiologista Ligia Kerr, vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).


Crescimento da expectativa de vida nas 10 maiores economias do mundo

América do Sul
Ao longo das seis últimas décadas, Chile, Uruguai e Argentina mantiveram a dianteira da América do Sul quando o assunto é expectativa de vida.

Apesar de ser a maior economia da região, o Brasil sempre esteve nas últimas posições desse ranking, ao lado de Bolívia e Peru.
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Para ter ideia, um argentino vivia uma média de 63,9 anos em 1960, enquanto o brasileiro só chegava até os 52,6 — uma diferença de 11 anos.

A situação começou a mudar de figura a partir dos anos 1990, quando essa disparidade em relação a alguns vizinhos sul-americanos começou a ficar cada vez menor.

Enquanto a expectativa de vida do Brasil subiu 5,3% na década de 1990, essa taxa se elevou em 2,7% na Argentina e 2,2% no Uruguai.

Mesmo assim, esses países ainda têm índices superiores: hoje em dia, espera-se que um argentino viva por 75,8 anos, enquanto um brasileiro chegue aos 74.

Expectativa de vida na América do Sul
Mas o que explica essa retomada de nosso país nas últimas três décadas?

"Os anos 1990 marcam a estabilização da economia, a criação de programas direcionados à população mais vulnerável e a implementação de um sistema de saúde público e universal", lista Castro.

"O Sistema Único de Saúde (SUS) foi, e continua a ser, um dos maiores mecanismos de redução de desigualdade, acesso à saúde e diminuição da mortalidade já criados no Brasil", diz ela.
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A professora de demografia aponta que vários trabalhos científicos mostram exatamente isso: a construção de uma rede de saúde pública espalhada pelo país permitiu melhorar vários dos indicadores populacionais, como a própria expectativa de vida.

O SUS se encaixa, portanto, numa daquelas intervenções universais que produzem um impacto gigantesco, como explicado no tópico anterior.

"Antes do SUS, muitas pessoas dependiam quase exclusivamente da caridade das Santas Casas de Misericórdia", reforça Kerr, que também é professora da Universidade Federal do Ceará.

A epidemiologista também chama a atenção para as políticas de transferência de renda nesse contexto.

"Uma das coisas que mais impacta a qualidade e a expectativa de vida é a desigualdade", pontua.

"Temos inúmeros estudos mostrando como programas no estilo Bolsa Família são capazes de reverter situações de pobreza e ameaças à saúde", complementa.

Mas isso, claro, não quer dizer que todos os problemas do país estejam resolvidos e tenhamos atingido um teto na expectativa de vida.

"Ainda temos os chamados bolsões de inequidade, que muitas vezes ficam mascarados numa grande média nacional", conta Castro.

"Há municípios e regiões inteiras do Brasil com altos índices de mortalidade infantil ou doenças infecciosas que necessitam de políticas públicas voltadas aos mais vulneráveis", completa.
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Agir nesses locais específicos, portanto, é um dos caminhos para ampliar ainda mais a expectativa de vida do brasileiro — e se aproximar ou até superar o que é observado entre os vizinhos sul-americanos.

        Pessoas andando na rua.  — CRÉDITO,GETTY IMAGES

Mudanças nas políticas públicas têm influência direta na expectativa de vida de um povo.

Brics
Quando analisamos especificamente os Brics — o bloco composto pelas economias emergentes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — é possível ver como as curvas de expectativa de vida podem melhorar ou piorar com o passar do tempo.

Neste grupo de nações, o Brasil é a que mantém uma trajetória ascendente, sem grandes subidas ou descidas.

Mas repare bem o que acontece com os demais, especialmente com China e Rússia.

Enquanto os chineses têm um salto de 134% na expectativa de vida em seis décadas, os russos chegam a ter um decréscimo de 4,2% neste indicador ao longo dos anos 1990.

Isso faz com que a expectativa de vida da Rússia tenha uma janela de menos de quatro anos entre o que foi registrado em 1960 (67,4 anos) e 2020 (71,3).
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Nos demais integrantes do Brics, essa diferença é bem maior: aconteceram "pulos" de 12 anos na África do Sul, de 21 no Brasil, de 24 na Índia e de 44 na China.

Expectativa de vida nos Brics
Segundo as especialistas ouvidas pela BBC News Brasil, esse fenômeno reflete todo o turbilhão político pelo qual este país passou no período, com o fim da União Soviética.

"Os eventos de saúde estão diretamente relacionados com a situação social em que as pessoas vivem", contextualiza Kerr.

"O fim da União Soviética representou a perda de empregos, de direitos e de toda uma organização social que eventualmente impactaram a expectativa de vida dos russos", complementa a médica.

Castro concorda: "O colapso de todo um sistema político e econômico gerou rupturas em várias dimensões, que afetaram inclusive a saúde e o bem-estar das pessoas e causaram um choque de mortalidade."

Esse tal choque de mortalidade, inclusive, também pode ser visto mais recentemente em escala global, com a pandemia de covid-19.

Em todos os gráficos, é possível ver que vários países apresentaram uma queda na expectativa de vida em 2020, primeiro ano de espalhamento do coronavírus mundo afora.

A tendência é que essa trajetória de descenso apareça também em 2021 e 2022, mas os dados ainda estão sendo compilados por Banco Mundial e ONU.
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Segundo pesquisas publicadas por Castro, a covid-19 reduziu a expectativa de vida do brasileiro em quase dois anos e interrompeu aquela trajetória da curva nacional, que se manteve ascendente por quase seis décadas.


"Mas é preciso destacar a carga de desigualdade, pois o choque de mortalidade foi diferente de acordo com o Estado ou o sexo", resume.

"E essa foi uma mudança muito dramática e inesperada", conclui a professora.

Autor, André Biernath, da BBC News Brasil em Londres.


Brasil ocupa o 2º lugar no ranking de exploração e abuso sexual infantil

        A cada 24 horas, 320 crianças e adolescentes são exploradas sexualmente no Brasil. — Foto/Reprodução/Observatório do Terceiro Setor.
 
Publicado no JASB em 26.julho.2023. Atualizado em 28.julho.2023.             

Casos de abuso ou exploração sexual podem ser denunciados por meio do Disque 100. A ligação é totalmente gratuita.
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Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes -  De acordo com dados do Instituto Liberta são 500 mil vítimas brasileiras, o que faz o país ocupar o 2º lugar neste ranking, ficando atrás apenas da Tailândia.

Os números mostram que, a cada 24 horas, 320 crianças e adolescentes são exploradas sexualmente no Brasil. Contudo, esse índice pode ser ainda maior, haja visto que apenas 7 em cada 100 casos são denunciados. A análise ainda mostra que 75% das vítimas são meninas e, em sua maioria, negras.

Sobre esse assunto, o Edição do Brasil conversou com o advogado Tadeu Saint’ Clair. “A exploração sexual no país é resultado de diversos fatores da cultura brasileira, desde a educação, desigualdade social, economia e condições de trabalho, que influenciam diretamente no âmbito em que a criança está inserida”.

O que é e o que caracteriza o abuso e exploração sexual infantil?

Quando uma pessoa, mesmo que por meio de jogos, mantém uma relação de natureza erótica com uma criança ou um adolescente para sua satisfação sexual, por meio de contato físico ou não, temos caracterizado o abuso sexual.

Já a exploração sexual traz práticas mais recorrentes, geralmente com fins econômicos, como vemos nos casos de escravidão e turismo sexual, ou até no incentivo à prostituição.
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O Brasil ocupa o 2º lugar no ranking de exploração infantil. A que você atribui isso?

A realidade daqui é economicamente crítica para muitas famílias, sendo comum vermos os pais usando de seus filhos ou permitindo que outras pessoas o façam para garantir o sustento da casa. Seja pela negligência familiar ou pelo meio em que vivem, as crianças brasileiras formam um grupo vulnerável, que deve ser protegido das mentes e bolsos afetados pela realidade do país.

Como saber se uma criança foi abusada sexualmente?

Geralmente, a criança que foi abusada não se abre muito para falar sobre o tema, o que acaba sendo indício. A retração, alterações no estado emocional, insegurança ao estar com determinadas pessoas, comportamento sexual precoce e, ainda, dores na região íntima são sinais de alerta. Em geral, os pais devem se atentar quando a conduta da criança divergir do habitual ou quando ela convive com indivíduos suspeitos.

Como denunciar e quem pode fazer isso?

Qualquer pessoa pode denunciar por meio de boletim de ocorrência. Por mais difícil que seja, é importante que o denunciante, seja ele vítima ou não, apresente provas de sua alegação, como prints de conversa, testemunha, dados do agressor a fim de que seja possível identificá-lo.

Quais os passos para mudar essa realidade?

A exploração sexual no Brasil é resultado de fatores da nossa cultura, desde a educação, desigualdade social, economia e condições de trabalho. Todos eles influenciam diretamente no âmbito em que a criança está inserida e se torna vulnerável a ser vítima. Por isso, é necessário modificações em todo o contexto na vida dos brasileiros.
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Por Tadeu Saint’ Clair 
Jornal Edição do Brasil 

Dados publicados pelo ChildFund Brasil -  uma organização de desenvolvimento social que por meio de uma sólida experiência na elaboração e no monitoramento de programas e projetos sociais mobiliza pessoas para a transformação de vidas. Crianças, adolescentes, jovens, famílias e comunidades em situação de risco social são apoiadas para que possam exercer com plenitude o direito à cidadania.

Técnica de enfermagem, socorrista do Samu morre ao tentar salvar homem

         Lorezete Duarte, técnica de enfermagem e socorrista do Samu. — Foto/Reprodução/Arquivo Pessoal.
 
Publicado no JASB em 24.julho.2023. Atualizado em 25.julho.2023.           

A técnica de enfermagem e socorrista do Samu, Lorezete Duarte, 45, morreu ao cair de um penhasco de 11 metros enquanto tentava salvar a vida de um homem que indicava que iria se jogar. O caso ocorreu em Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul, na quarta-feira (19).
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Lorezete era uma dos três socorristas que foram acionados para tentar impedir que o homem se jogasse de um penhasco às margens da BR-386. Ela subiu até onde ele estava e o puxou pela blusa para impedir a ação, mas ambos acabaram caindo.

A socorrista não resistiu aos ferimentos
 
A socorrista não resistiu aos ferimentos e morreu no local. O homem, que caiu por cima de Lorezete, foi encaminhado ao hospital de Frederico Westphalen sem risco de morte.

Homem pode ser responsabilizado
       
Um inquérito foi instaurado pela Polícia Civil para investigar o caso e confirmar se foi um acidente ou se o homem teve responsabilidade na morte dela. Serão ouvidos o motorista do Samu e o homem que supostamente iria se jogar.

         Lorezete Duarte. — Foto/Reprodução/Arquivo Pessoal.

Polícia investiga o caso
       
“Não se sabe exatamente como, mas os dois acabaram caindo do penhasco, ele quase que por cima dela”, afirmou Jacson Boni, delegado responsável pela investigação do caso.
     
Homenagens a Lorezete

Colegas de trabalho do hospital onde ela atuava e do Samu prestaram homenagens a Lorezete na quinta-feira (20) fazendo orações e um minuto de silêncio para ele. Em seguida também jogaram bexigas brancas para cima e bateram palmas (vídeo abaixo).
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Perdeu a vida salvando

“Estamos aqui para prestar homenagem a uma colega de profissão e de farda que, tragicamente, teve sua vida ceifada no dia de ontem. O que nos conforta e, ao mesmo tempo, nos revolta é o entendimento de que ela perdeu a vida salvando, como salvou, a vida de uma outra pessoa”, disse outra enfermeira do Hospital Santo Antônio durante o ato.

Exemplo de amor e dedicação à profissão

A unidade de saúde fez uma publicação nas redes sociais com registros da homenagem e se solidarizando aos familiares da vítima: “Que a memória de Lorezete seja um eterno exemplo de amor e dedicação à profissão”.

         Técnica de enfermagem e socorrista do Samu. — Foto/Reprodução/Instagram/@samu_brasil.

Homenagem da prefeitura

A prefeitura de Frederico Westphalen decretou luto oficial de três dias na cidade, entre quarta e sexta-feira (21), para também homenagear a profissional de saúde.

“A administração pública reforça os votos de pesar pela grande perda e agradecimentos à imensa dedicação e excelente trabalho prestado ao município”, escreveu.
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Nota da prefeitura de Frederico Westphalen

"A prefeitura municipal de Frederico Westphalen, em nome do prefeito municipal, José Alberto Panosso, e do vice-prefeito, João Francisco Vendruscolo, manifesta o seu mais profundo pesar pelo falecimento da servidora pública Lorezete Duarte, técnica de enfermagem e socorrista do SAMU, ocorrido nesta quarta-feira, dia 19 de julho de 2023.

Nesse momento de dor, consternação e tristeza, a administração municipal, em nome de todos os colegas servidores públicos, presta os seus mais sinceros sentimentos e se solidariza com os familiares pela passagem desta nobre profissional, que perdeu sua vida corajosamente no exercício da sua função.

A prefeitura de Frederico Westphalen, decreta luto oficial por três dias a partir de hoje (19/7) em decorrência do falecimento de Lorezete Duarte.

A administração pública reforça os votos de pesar pela grande perda e agradecimentos à imensa dedicação e excelente trabalho prestado ao município de Frederico Westphalen."


Créditos: CNN Brasil.
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Curado: Paciente com câncer tem remissão completa após terapia.

        Dr. Vanderson Rocha ao lado de seu paciente Paulo Peregrino, curado do câncer em um mês. — Foto/Reprodução//Instagram/paulocfperegrino.
 
Publicado no JASB em 3.junho.2023. Atualizado em 23.julho.2023.           

Um paciente teve remissão completa de um linfoma de Hodgkin —tipo de câncer que se origina no sistema linfático— em apenas um mês.

A evolução foi celebrada por pesquisadores, pois ele é um dos 14 pacientes que participam de estudo com a terapia CAR-T Cell desenvolvido pelas Faculdade de Medicina da USP, pela Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, em parceria com o Hemocentro da cidade do interior paulista e pelo Instituto Butantan.

Os dados e o detalhamento do caso ainda não foram publicados pelos cientistas.

Células de defesa

Essa nova terapia usa células de defesa do próprio corpo, modificadas em laboratório, para atacar linfomas e leucemia. Os testes com este novo modelo continuam.

O escritor e publicitário Paulo Peregrino, de 61 anos, foi diagnosticado com seu primeiro linfoma de Hodgkin em 2018. Ele já havia tentado de tudo para acabar com a doença: passou por quimioterapia e transplante autólogo —quando as células-tronco hematopoiéticas do próprio paciente são removidas antes da administração da quimio de alta dose e infundidas novamente após o tratamento. Mas nada disso adiantou. O paciente estava sem seu terceiro linfoma.
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Muitas dores no corpo

O quadro de Peregrino era grave e ele sentia muitas dores no corpo quando começou a ser acompanhado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP pelo hematologista Vanderson Rocha, professor de terapia celular da universidade e coordenador nacional de terapia celular da Rede D'Or.

"Não tinha mais opções. A única opção seria o CAR-T Cell", diz o médico.

Um dos tipos mais promissores de tratamento contra o câncer, a terapia com células CAR-T consiste na retirada de linfócitos do próprio paciente, modificação genética dessas células e reinserção delas no corpo do doente para atuarem no reconhecimento e no combate do tumor.

No total, nova pacientes tiveram remissão completa. Comparando a imagem de exames pré e pós tratamento, é possível ver a remissão dos linfomas no corpo do paciente.

Estudos clínicos pioneiros

O primeiro produto de CAR-T Cell lançado no Brasil ficou disponível em novembro de 2022, assim como dois estudos clínicos pioneiros em instituições brasileiras, entre eles o da USP.

O tratamento é indicado para pacientes adultos com linfoma difuso de grandes células B que não responderam a duas ou mais linhas de tratamento ou que voltaram a manifestar a doença após as terapias padrão.
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Casos de crianças e jovens

Também pode ser usado em crianças e jovens até 25 anos com leucemia linfoblástica aguda de células B que não responderam ao tratamento padrão, inclusive ao transplante de medula óssea. Estudos sobre a utilização de terapia semelhante em outros tipos de tumores vêm sendo desenvolvidas fora do País.

"Existe um grande potencial, mas para isso precisamos de pesquisa. E, para pesquisa, precisamos de dinheiro, mas nos últimos anos tivemos pouco investimento nesse setor no Brasil", afirma Rocha.

        A primeira imagem mostra o câncer de Paulo Peregrino espalhado em seu corpo, já a segunda mostra a sua remissão completa. — Foto: Reprodução/Instagram/paulocfperegrino.

Do tratamento à cura

O processo de tratamento de Peregrino com o CAR-T Cell começou em dezembro de 2022, quando ele foi internado no Hospital das Clínicas para ter suas células de defesa colhidas. "Ele precisou ficar um mês sem fazer quimioterapia para conseguirmos colher as células nas condições recomendadas", explicou o médico ao Estadão.
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A equipe entrou com pedido de aprovação e liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para participação do paciente no estudo e, assim que aceito, foram colhidas as células de defesa do organismo de Peregrino e enviadas ao Hemocentro de Ribeirão Preto, onde foram colocados em cultura.

O atraso no tratamento

"Quando começamos o tratamento pré-reinserção (das células), em que utilizamos dois tipos de quimioterapias para garantir que as células estarão funcionando bem, ele pegou covid", relata Rocha, explicando o atraso no tratamento, que em geral leva poucos meses.

"Ele tratou a covid e, então, fizemos a infusão das células, em Ribeirão Preto. Depois, ele teve quadro de infecção, que é comum nesses casos. Tratamos a infecção também até que ele teve alta neste domingo (28)", completa o médico.

Segundo Rocha, em geral, o tratamento funciona da seguinte forma:

Quadro monitorado

O paciente fica cerca de um mês sem quimioterapia e tem o seu quadro monitorado pelos médicos enquanto isso para garantir que o tumor não vai crescer de forma acelerada;

É feita a colheita das células de imunidade do paciente;
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As células colhidas são levadas para o laboratório de modificação genética, onde ficam em cultura, na maioria dos casos, por aproximadamente duas a três semanas;

Paciente faz quimioterapias para ter quadro estabilizado até a reinserção;

Cerca de cinco dias antes da reinserção das células, o paciente inicia um pré-tratamento, que leva três dias, com dois tipos de quimioterapia para garantir o bom funcionamento celular;

Dois dias depois do fim do pré tratamento, é feita a reinserção das células.

Monitorado de fora

"Foram quase 90 dias aqui e mais 17 internado em Niterói (no Rio), onde moro. Ainda ficarei mais 30 dias em São Paulo, sendo monitorado de fora", disse Peregrino. em uma postagem no Instagram na segunda-feira, 29.

A sensação, ao fim de tudo, é de uma gratidão infinita a Deus, no tamanho e no tempo. A todos que fizeram e fazem parte dessa jornada de cura. Médicos, enfermeiros/as, técnicos de enfermagem, pessoal da manutenção, etc, pelo comprometimento e humanidade que me fizeram suportar melhor cada momento. Paulo Peregrino

Giovanna Castro, Viva Bem, UOL.

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