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Cerca de um médico comete suicídio por dia, número pode chegar a 400 por ano.

        Foram identificados seis temas abrangentes que sinalizam as principais preocupações dos médicos deprimidos.  —  Foto/Reprodução.
 
Cerca de um médico comete suicídio por dia, número pode chegar a 400 por ano.
Publicado no JASB em 18.julho.2022. Atualizado em 28.junho.2023.        

Grupos no WhatsApp Uma estimativa da Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio indica que, em média, 300 a 400 médicos cometem suicídio por ano em todo o mundo. Média de uma morte por dia.
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Estudos internacionais apresentam ainda que os médicos têm uma frequência 2,45 vezes maior que o restante da população. Levantamentos elencam os fatores: exposição diária a situações de estresse, vivência direta com a morte e condições de trabalho precárias como alguns gatilhos para o ato.

Segundo matéria publicada pelo Portal G1, pesquisadores de uma universidade da Califórnia examinaram as narrativas das mortes por suicídio de 200 médicos para entender quais os principais problemas que contribuem para o estresse no trabalho médico.

De acordo com uma pesquisa feita pela Universidade da Califórnia em San Diego 1 em cada 15 médicos têm ideias suicidas e são mais propensos a enfrentarem pressões dentro do ambiente de trabalho que os leva ao pensamento recorrente sobre a vontade de tirar a própria vida.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores revisaram as investigações sobre as mortes de 200 médicos que se suicidaram nos EUA, partindo de um banco de dados nacional com informações do período compreendido entre 2003 e 2018.

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Usando ferramentas para interpretar as narrativas dos relatórios, como um método de processamento de linguagem natural e análise temática, a equipe conseguiu identificar os principais problemas que contribuem para o estresse no trabalho médico e a relação com o suicídio.

        Estudo americano aponta principais causas de suicídio entre os médicos.  —  Foto/Reprodução.

Publicado na revista "Suicide and Life-Threatening Behavior", o estudo encontrou seis temas recorrentes: incapacidade para o trabalho devido à deterioração da saúde física, uso de substâncias que prejudicavam o emprego, interação entre saúde mental e questões relacionadas ao trabalho, conflitos de relacionamento que afetam o trabalho, problemas legais e aumento do estresse financeiro.

“Muitas vezes negligenciamos a saúde física de nossos profissionais de saúde, mas a saúde precária pode levar à dificuldade em realizar tarefas no trabalho, o que leva ao estresse no trabalho e a problemas de saúde mental”, disse a autora correspondente Kristen Kim, MD, médica residente em psiquiatria. na UC San Diego Health.

Soluções a curto e longo prazo
Os autores enfatizaram que, no curto prazo, é essencial que os médicos tenham maior acesso aos serviços de atenção primária, que envolve um aconselhamento confidencial sobre saúde mental. Além disso, é preciso minimizar os desafios de uma rotina cuja agenda é sempre cheia.
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A longo prazo, discutem-se mudanças estruturais e culturais mais amplas para lidar com o estresse no local de trabalho e a falta de autocuidado da classe médica. Entre elas, cultivar um senso de segurança e comunidade entre os médicos e o oferecimento de educação adicional sobre finanças pessoais e apoio jurídico por parte das escolas de medicina.

A cultura tácita da medicina encoraja o auto-sacrifício, necessidades adiadas e recompensas atrasadas. Sempre queremos colocar nossos pacientes em primeiro lugar, mas os curandeiros não podem curar de maneira ideal, a menos que eles mesmos sejam primeiro inteiros”, reforça a médica residente em psiquiatria.

Caso dramático no Brasil
Segundo informações de matéria do Notisul, de 2019, no Brasil, o estado de Pernambuco chamou a atenção de autoridades, em consequência do alto índice de suicídio.


Uma média de 1 suicídio por mês estava sendo registrada entre os médicos pernambucanos. As mortes ocorrem em todas as regiões. Caruaru, no Agreste, testemunhou dois casos, além de uma tentativa. Em geral, são profissionais com mais de 50 anos, carreira sólida e família constituída. Para os outros, uma vida perfeita e uma profissão dos sonhos. Por dentro, emocional arrebentado.
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A frequência de suicídio entre médicos chamou a atenção do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), do Sindicato dos Médicos (Simepe) e da Associação Médica (Ampe). Eles agendam para setembro reuniões sobre o tema, com intenção de entender o cenário.

Pernambuco não tem estatísticas oficiais sobre mortalidade provocada por médicos contra eles próprios ao longo dos anos, mas a fotografia mundial se repete aqui, de acordo com os próprios profissionais. 

Temos uma vida de elevado nível de estresse. As condições de trabalho são bem complicadas. Por vezes poderíamos até dizer que são indignas. O médico lida não só com o estresse técnico, mas também com algumas escolhas que precisa tomar numa emergência. São, sem dúvida, fatores desencadeantes para chegar à depressão e ao suicídio”, assinala a vice-presidente do Simepe, Cláudia Beatriz Câmara.

Ela verificou um aumento de casos de Síndrome de Burnout entre os profissionais de saúde desde 2010. A doença, conhecida como transtorno de esgotamento profissional, leva o paciente a apresentar problemas de ansiedade e até cardíacos diretamente ligados ao trabalho.

Conselheira do Cremepe e diretora da Ampe, a psiquiatra Jane Lemos ressalta que os episódios deste ano preocupam. Tanto que as entidades buscam alternativas para frear os casos. Uma das primeiras ideias é a promoção de seminários para discutir o tema. Outra é a possível articulação de um serviço para ajudar diretamente médicos com sinais de tendências suicidas.
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O desafio é grande, pois os profissionais são extremamente resistentes a se tornarem pacientes, principalmente quando o assunto é a própria emoção. Isso pode ser visto como um sinal de fragilidade, que entra em conflito com o sentimento de onipotência comum a esses profissionais.

“Ele reluta. E, muitas vezes, se automedica. Pedem medicação ao colega, em vez de procurar um profissional habilitado para se tratar, no caso, o psiquiatra.”



Curado: Paciente com câncer tem remissão completa após terapia.

        Dr. Vanderson Rocha ao lado de seu paciente Paulo Peregrino, curado do câncer em um mês. — Foto/Reprodução//Instagram/paulocfperegrino.
 
Publicado no JASB em 3.junho.2023. Atualizado em 26.junho.2023.           

Um paciente teve remissão completa de um linfoma de Hodgkin —tipo de câncer que se origina no sistema linfático— em apenas um mês.

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A evolução foi celebrada por pesquisadores, pois ele é um dos 14 pacientes que participam de estudo com a terapia CAR-T Cell desenvolvido pelas Faculdade de Medicina da USP, pela Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, em parceria com o Hemocentro da cidade do interior paulista e pelo Instituto Butantan.

Os dados e o detalhamento do caso ainda não foram publicados pelos cientistas.

Células de defesa

Essa nova terapia usa células de defesa do próprio corpo, modificadas em laboratório, para atacar linfomas e leucemia. Os testes com este novo modelo continuam.

O escritor e publicitário Paulo Peregrino, de 61 anos, foi diagnosticado com seu primeiro linfoma de Hodgkin em 2018. Ele já havia tentado de tudo para acabar com a doença: passou por quimioterapia e transplante autólogo —quando as células-tronco hematopoiéticas do próprio paciente são removidas antes da administração da quimio de alta dose e infundidas novamente após o tratamento. Mas nada disso adiantou. O paciente estava sem seu terceiro linfoma.

Muitas dores no corpo

O quadro de Peregrino era grave e ele sentia muitas dores no corpo quando começou a ser acompanhado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP pelo hematologista Vanderson Rocha, professor de terapia celular da universidade e coordenador nacional de terapia celular da Rede D'Or.
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"Não tinha mais opções. A única opção seria o CAR-T Cell", diz o médico.

Um dos tipos mais promissores de tratamento contra o câncer, a terapia com células CAR-T consiste na retirada de linfócitos do próprio paciente, modificação genética dessas células e reinserção delas no corpo do doente para atuarem no reconhecimento e no combate do tumor.

No total, nova pacientes tiveram remissão completa. Comparando a imagem de exames pré e pós tratamento, é possível ver a remissão dos linfomas no corpo do paciente.

Estudos clínicos pioneiros

O primeiro produto de CAR-T Cell lançado no Brasil ficou disponível em novembro de 2022, assim como dois estudos clínicos pioneiros em instituições brasileiras, entre eles o da USP.

O tratamento é indicado para pacientes adultos com linfoma difuso de grandes células B que não responderam a duas ou mais linhas de tratamento ou que voltaram a manifestar a doença após as terapias padrão.
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Casos de crianças e jovens

Também pode ser usado em crianças e jovens até 25 anos com leucemia linfoblástica aguda de células B que não responderam ao tratamento padrão, inclusive ao transplante de medula óssea. Estudos sobre a utilização de terapia semelhante em outros tipos de tumores vêm sendo desenvolvidas fora do País.

"Existe um grande potencial, mas para isso precisamos de pesquisa. E, para pesquisa, precisamos de dinheiro, mas nos últimos anos tivemos pouco investimento nesse setor no Brasil", afirma Rocha.

        A primeira imagem mostra o câncer de Paulo Peregrino espalhado em seu corpo, já a segunda mostra a sua remissão completa. — Foto: Reprodução/Instagram/paulocfperegrino.

Do tratamento à cura

O processo de tratamento de Peregrino com o CAR-T Cell começou em dezembro de 2022, quando ele foi internado no Hospital das Clínicas para ter suas células de defesa colhidas. "Ele precisou ficar um mês sem fazer quimioterapia para conseguirmos colher as células nas condições recomendadas", explicou o médico ao Estadão.
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A equipe entrou com pedido de aprovação e liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para participação do paciente no estudo e, assim que aceito, foram colhidas as células de defesa do organismo de Peregrino e enviadas ao Hemocentro de Ribeirão Preto, onde foram colocados em cultura.

O atraso no tratamento

"Quando começamos o tratamento pré-reinserção (das células), em que utilizamos dois tipos de quimioterapias para garantir que as células estarão funcionando bem, ele pegou covid", relata Rocha, explicando o atraso no tratamento, que em geral leva poucos meses.

"Ele tratou a covid e, então, fizemos a infusão das células, em Ribeirão Preto. Depois, ele teve quadro de infecção, que é comum nesses casos. Tratamos a infecção também até que ele teve alta neste domingo (28)", completa o médico.

Segundo Rocha, em geral, o tratamento funciona da seguinte forma:

Quadro monitorado

O paciente fica cerca de um mês sem quimioterapia e tem o seu quadro monitorado pelos médicos enquanto isso para garantir que o tumor não vai crescer de forma acelerada;

É feita a colheita das células de imunidade do paciente;
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As células colhidas são levadas para o laboratório de modificação genética, onde ficam em cultura, na maioria dos casos, por aproximadamente duas a três semanas;

Paciente faz quimioterapias para ter quadro estabilizado até a reinserção;

Cerca de cinco dias antes da reinserção das células, o paciente inicia um pré-tratamento, que leva três dias, com dois tipos de quimioterapia para garantir o bom funcionamento celular;

Dois dias depois do fim do pré tratamento, é feita a reinserção das células.

Monitorado de fora

"Foram quase 90 dias aqui e mais 17 internado em Niterói (no Rio), onde moro. Ainda ficarei mais 30 dias em São Paulo, sendo monitorado de fora", disse Peregrino. em uma postagem no Instagram na segunda-feira, 29.

A sensação, ao fim de tudo, é de uma gratidão infinita a Deus, no tamanho e no tempo. A todos que fizeram e fazem parte dessa jornada de cura. Médicos, enfermeiros/as, técnicos de enfermagem, pessoal da manutenção, etc, pelo comprometimento e humanidade que me fizeram suportar melhor cada momento. Paulo Peregrino

Giovanna Castro, Viva Bem, UOL.

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