Agentes de saúde denunciam ameaças de pacientes em posto de Salvador; 'descontrole total', avalia Leo Prates
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Profissionais da saúde que trabalham na Unidade de Saúde da Família (USF), de Cajazeiras X, em Salvador, denunciaram que foram ameaçados por pacientes no local. Para chamar a atenção para a situação, eles decidiram paralisar as atividades nesta quarta-feira (19).
Segundo Léo Lordello, diretor do Sindicato dos Servidores da Prefeitura do Salvador (Sindseps), os problemas iniciaram pela insuficiência de funcionários e ausência de agentes da Guarda Municipal no local.
"Muitas vezes, um técnico de enfermagem, que deveria estar ali, aliviando a fila da vacina, ele está deslocado para outro cargo, outra função, e precisa de mais funcionários aqui, além de convocar os guardas [para aumentar a segurança]", disse.
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A reportagem da TV Bahia entrou em contato com a Guarda Municipal de Salvador, que informou por meio de nota, que "nesses casos de postos de saúde quem fala pela prefeitura é a Secretaria Municipal da Saúde (SMS)".
Uma das situações que ocorreram na unidade de saúde foi relatada por uma técnica de enfermagem, que não quis ser identificada por medo. Ela disse que foi trancada em uma sala de vacinação por uma mulher que queria vacinar a neta de sete anos contra a Covid-19.
"Nós explicamos para ela que não estava sendo aplicada a vacina para criança na unidade, apenas para adulto. Ela exigiu a todo tempo que a gente tinha que vacinar... Aí nós explicamos que não. Então ela trancou a gente por dentro da sala, porque a chave estava na porta. Ela trancou, não é? Deixou a chave, mas trancou", explicou.
"Aí no momento em que ela veio em minha direção, querendo a todo custo que eu vacinasse a menina, e eu dizendo que não poderia, a colega, nesse momento, abriu a porta e pediu ajuda aos demais funcionários da unidade", complementou.
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Já uma outra agente comunitária de saúde, que também não quis se identificar, afirmou ter sido ameaçada por um casal que queria ser imunizado após o horário de funcionamento do posto.
"[Me falaram:] 'não bote a cara lá, não, porque eles disseram que vão te pegar'. Aí eu fiquei em pânico. Daqui a pouco veio o coordenador e disse assim: 'essa brincadeira já foi longe demais. Vou chamar a polícia'", relatou.
Até a chegada da Polícia Militar, a agente de saúde disse que ficou dentro do posto com medo de ser agredida.
"Quando a polícia chegou, eu saí e os policiais perguntaram [se eu queria registrar uma ocorrência]. Eu disse: Não quero fazer ocorrência, não. O que puder resolver por aqui, eu resolvo, que eu quero ir para minha casa'. Mas fez a ocorrência lá, pegaram o nome deles [casal] e tudo", complementou a agente comunitária de saúde.
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Por causa da situação, a funcionária disse que não conseguiu ir trabalhar no dia seguinte.
"Eu fiquei com pânico e não vim trabalhar no outro dia. Na segunda-feira, quando vesti a farda, deu pânico e também não consegui [sair de casa para o trabalho]... Fiquei dois dias de atestado".
Por meio de nota, a Polícia Militar disse que a segurança na USF de Cajazeiras X é de responsabilidade do município, que à PM compete o policiamento ostensivo e preventivo nas vias públicas.
'Descontrole total', avalia Leo Prates
Léo Prates, Secretário da Saúde de Salvador — Foto: Reprodução/TV Bahia
O secretário municipal da Saúde, Léo Prates, disse, durante entrevista ao Bahia Meio Dia, telejornal da TV Bahia, que a situação é de descontrole total na capital baiana.
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"O que está acontecendo em Salvador, na verdade, é um descontrole total. A gente tem caso, no ano passado, de agente da saúde que foi morto exercendo sua atividade, temos problemas de agressões verbais, de pessoas que acham que a força vai resolver tudo. A Guarda Municipal vem dando todo apoio que é possível, mas não há todo o efetivo", disse o secretário.
Confira o vídeo:
Ainda na entrevista, Léo Prates afirmou discordar veementemente da nota enviada pela PM.
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"Segurança pública está na constituição, é da responsabilidade do Estado e esse é um ponto de atendimento público".
Por TV Bahia e g1 BA
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